terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Estrela Guia


"Vou chamar a Santa Estrela
Para vós vir me guiar
Iluminai meu pensamento
O oceano e beira-mar..."

Nas instruções deixadas pelo Chefe Império Juramidã, registradas no seu lindo hinário O Cruzeiro Universal, a palavra 'estrela' se repete por mais de 30 vezes. Algumas dessas está claro o significado, outras nem tanto.

Assim como as 'asas de anjo', as estrelas podem ser denominações para várias emanações de luz. 

Esclareço que os anjos não tem asas como os pássaros ou os aviões. Para quê teriam? Para voar? Uma imaginação muito limitada essa explicação, já que seres de luz não precisam vencer a gravidade para "voar"...

A explicação de asas nas representações de anjos deve se dar devido às visões que alguns nobres felizardos tiveram desses seres iluminados. 

Como não sabiam o que eram aqueles raios projetados desses seres, logo descreveram como asas... Como em sonhos, quando não entendemos nada, e não podemos descrevê-los, falta-nos palavras, pois nosso mundo material, nosso acervo, é extremamente limitado ao se comparar ao plano astral.

Assim como um homem que nunca esteve na Floresta, descrever-la-ia como muitas árvores grandes, outras pequenas... Chamaria palmeira, cipó, trepadeira, arbusto, tudo de árvore grande ou pequena. Chamaria de tribo uma aldeia, de fazenda uma colocação e por aí... Não é de se estranhar, já que falta-lhe o conhecimento, falta-lhe a intimidade. 

Enfim, venho falar da Estrela Guia que nos orienta ao caminho estreito da retidão.

Desprendido da literalidade, descorro sobre o que já aprendi.

Cristo vive em cada ser encarnado. Provas suficientes já foram dadas e nem o mais ortodoxo dos cristãos nega tal afirmação. A Bíblia está repleta de exemplos, assim como em Lucas 17:21, onde Jesus ensina que "o Reino de Deus está dentro de vós".

Caminhantes de outros ensinamentos tem outros nomes para Cristo, mas afirmam que a Luz, o Caminho, ou a Resposta está dentro de cada um. 

O nome pouco importa! Assim como o nome 'estrela' pouco importa.

Uma condenação que Jesus sofreu foi alegar que "em três dias reconstruiria todo o templo". Caso a palavra fosse deixada em segundo plano e o sentido da fala entendido, seus acusadores saberiam que o templo era seu corpo físico...

Complicado é discorrer palavras sobre assunto tão complexo sem deixar-me levar para outros focos. Retornarei à Estrela.

Cristo em nós, essa fagulha que muitas vezes não escutamos, resplandece como uma estrela, tamanha é sua claridade. Apesar de não fazermos por merecer, essa luz está sempre ali, apenas aguardando que abramos a porta ou, pelo menos, a janela para ela entrar. 

Muitos, assim como eu em tantas situações, não deixam essa luz entrar no castelo interior, e continuam se orientando pela escuridão da materialidade.

Como entender que "todos somos um"? Chega a ser um cliché no meio 'espiritual'. Principalmente na atualidade, quando as religiões e doutrinas orientais invadiram o ocidente, todos já ouviram e a maioria já repetiu que 'todos somos um'!

Quando deixamos nossa Estrela Guia, nosso Cristo Interior, nossa Luz, iluminar nossos pensamentos e mostrar a Verdadeira REALidade, isso é uma das consequências.

O Verdadeiro Bem só vem quando nos doamos para o "um". As consequências naturais são indescritíveis. Mas alguns tantos iluminados, como Teresa d'Ávila, deixaram registrados suas condições de União com o Todo. Em seu livro "Moradas ou Castelo Interior", ela descreve tal sensação.

Quando li esse livro, pouco entendia da necessidade de banir a literalidade nos textos altamente espirituais. Depois de estudar o que outros diziam sobre Santa Teresa e sobre esse livro, entendi um pouco... Quiçá um dia entender muito...  Mas o pouco entendido já fora revelador!

Agradeço muito ao irmão de caminhada que me presenteou com esse maravilhoso livro.

Assim, não há como descrever a Estrela Guia. Apenas posso afirmar que a felicidade é um estado de espírito. Não depende de dinheiro, relacionamentos, partidos ou qualquer outra coisa além de cada um. A felicidade está dentro de nós! Nossa Estrela Guia é o caminho para isto!

A Estrela Guia é aquela 'voz' que nos diz para irmos por um caminho, pedirmos perdão, ajudarmos um irmão... Muitas vezes representada por um anjinho ao pé do ouvido.

Não tenhamos as representações como a descrição da Verdade. Nosso espírito não escuta com os ouvidos, não vê com os olhos, não sente com a pele... Nosso espírito é pleno! Tem todos os sentidos (e mais alguns!) em toda a sua extensão!

Em meu caminho, muito me ajudou (e ainda ajuda) relatar minha Estrela Guia como a voz do meu coração. Mas engana-se aquele que pensa que escuto sair algum som do meu órgão bombeador de sangue. Quando mereço e silencio, tenho a sua voz...

É o melhor oráculo que alguma fagulha de luz pode imaginar! Tudo é um, inclusive nós, nossos 'Eus verdadeiros', nossos espíritos. Por isso, quando escutamos nós mesmos (nossos espíritos), nossa Estrela Guia, sabemos qual caminho a seguir para chegar mais perto do Pai, mais próximo do Início.

Aquele que ainda acredita ser o seu nome, a sua mão, seu rosto, seu corpo de carbono, chamar-me-á de louco. Mesmo a esses, afirmo que todos chegarão de onde saímos, da Verdadeira Luz, da qual a Estrela Guia é um lembrete!

Para aqueles que zombam dos buscadores, compaixão é meu rogativo, pois ainda procuram o caminho largo do egocentrismo e da separatividade.



Que Cristo nos ilumine banhando-nos de paz e discernimento!



"Santa Estrela que me guia
Vós me dê a Santa Luz
Os três Reis do Oriente
Que visitaram Jesus..."

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Materialidade Espiritual

"Mestre, quem de nós será o primeiro?" 
"Em verdade, vos digo: Aquele que quer ser o primeiro, que seja o servo dos outros!" 

O altruismo verdadeiro é um tanto quanto complexo e irracional para nosso ser inferior. Por isso, uma materialidade espiritual sempre está presente nos nossos atos ditos, a nós mesmos, como altruistas.

Um ato verdadeiramente altruísta só é capaz de surgir em um espírito muito evoluído e com o ser inferior um tanto já dominado a responder aos comandos do ser superior.

Vários são os exemplos de 'pegadinhas' que nosso ego inferior nos prega. Quem nunca praticou um ato benéfico ao próximo com o intuito de garantir um 'crédito' com Deus? Basta refletir silenciosamente que logo se perceberá tal paradoxo.

No momento dessa reflexão, nosso ego inferior, que jamais se cala sem o devido e árduo treinamento meditativo, tentará nos iludir novamente dizendo "não, fiz isso sem querer nada em troca..."

Mas quem não se chateia quando não recebe ao menos um "obrigado" em troca do seu ato rotulado em sua mente como altruísta?

Divagações de um pequeno aprendiz...

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Natal

Data tão especial é o dia do Natal do Nosso Senhor Jesus.

Independente do setor de cada sociedade cristã, esse dia é ansiosamente esperado e muito marcante.

Impossível descrever em poucas linhas o que este dia representa. Apesar da grande desvirtuação do seu real significado, o apelo altruísta ainda permanece forte em todos os cristãos. Fácil explicar.

Cada ser humano possui uma fagulha de Cristo. Cristo simplesmente está dentro de nossos corações, pois é como está escrito: "O Reino dos Céus está dentro de vós". E é por isso que este lindo dia mexe tanto com a sociedade. Todos, de uma forma ou de outra, lembram que estão conectados uns com os outros.

É nesse dia que muitos perdões são pedidos e aceitos. É nesse dia que as pessoas falam com todas as outras desejando-lhes um "Feliz Natal", mesmo sem as conhecer... É nesse dia que o Papai Noel surge para alegrar sem maiores interesses!

O mundo seria bem melhor se todos os dias fossem 'natais'!

Bem, com isso em mente, venho transcorrer sobre belos sentimentos presentes no trabalho de Natal. Posso lembrar que foi no Natal do ano de 2006 que literalmente conheci o Chefe Império Juramidã durante fortíssima miração. Que magnífica luz! Tanta luz que fora impossível encarar, tamanha a vergonha de minhas falhas humanas.

Como já cantava o Vô Dilmo em um dos seus hinos: "O Natal é muito lindo, ele traz tanta riqueza, tudo que procura nele, nós encontra é com certeza"!

E nesse derradeiro Natal de 2008 não fora diferente. Diferente sempre o é. Contudo, a maravilha marcante da data não deixou de existir.

Quem conhece e trabalha com o Daime, sabe que os trabalhos são sempre bons. Todavia, existem trabalhos que extrapolam o 'muito bom'. E é desse sentimento que me circunda os trabalhos de Natal!

Tantas falhas a serem corrigidas... E é isso que me encanta na doutrina daimista. Conhecer e corrigir os meus defeitos, essa é minha meta com o Daime. E é isso que pode levar a melhoria do ser humano: conhecer-se sem fantasias, conhecer-se de verdade, e melhorar o máximo possível.

Muito poder-se-ia discorrer sobre cada detalhe do Natal. Pouco iria acrescentar entretanto. O registro importante de hoje é a beleza que envolve o planeta nesta data. Perseverança e fé são renovadas! Alegria e amor são despertos! Carinho e compaixão são alcançados! Que beleza!

É importante frisar que os outros trabalhos daimistas, como o dia de Nossa Senhora da Conceição e o aniversário do Padrinho Irineu são igualmente importantes e maravilhosos. E não significa que o Natal tenha uma importância superior, pois isso de maior ou menor não é do plano superior, é besteira da nossa ilusória separatividade!

Que riqueza são as verdadeiras amizades! Agradeço ao Pai Supremo por tamanho tesouro em minha vida! Rogo para que a humildade norteie os meus passos para um dia eu alcançá-la verdadeiramente!


VIVA A NOITE DE NATAL!

Já fazem muitos anos
Que meu Jesus nasceu
Vamos todos com alegria
Festejar ao Senhor Deus....

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Gavião apanhar de bem-te-vi?

Existe uma animada cantiga das rodas de capoeira cujo refrão diz assim: "você não viu, mas eu vi gavião apanhar do bem-te-vi!"

Recordei-a refletindo sobre a natureza da floresta. Na floresta é assim: o forte come o mais fraco.

O que me leva a devagar sobre o tema é uma cobrança de um bom amigo, seu João, durante prosa após trabalho de Nossa Senhora da Conceição. Esse amigo visitou o blog e viu minha apologia ao vegetarianismo. Indignado com isso em um blog chamado 'da floresta', disse que isso de não comer carne não é da floresta. Em seus argumentos, ele está certíssimo.

Alguns mais desinformados, acreditam pelo Brasil afora que Mestre Irineu era vegetariano. Infelizmente, devo ser o portador da nota que acaba com essa ilusão. Mestre Irineu, como bom seringueiro, comia carne sim. A que mais gostava era a de porco.

Jesus disse aos fariseus: "hipócritas! O que mata o homem é o que sai de sua boca, e não o que entra por ela!"

Em um e-grupo de discussão sobre Permacultura (o único meio atual de literalmente salvar o planeta!) certa vez houve uma divergência entre os benefícios de uma carrocinha de cachorro-quente que começou a vender lanches vegetarianos. Os membros mais sensatos louvaram a iniciativa. Os mais 'caxias' diziam que era a carrocinha 'do diabo' já que ainda venderia cachorro-quente tradicional com carne. O mais interessante foi o desfecho dado por uma sábia permacultora: "todos somos um, vegetarianos ou não!"

Receoso de delongas, quero expressar que o vegetarianismo por si não salva a natureza, o planeta ou os homens. Registra-se que Hitler era vegetariano.

Minha intenção da apologia publicada era um manifesto ao que tanto vejo no meu dia a dia profissional. Fazendas dentro de reservas, floresta abaixo... Tristeza a uns, dinheiro a outros...

Na floresta, existem os vegetais, os herbívoros e os carnívoros. Todavia, apenas um animal mata por ganância: nós, homens!

Não sou contra ao consumo de carne. Entendo que não deixei isso claro, pois falta-me tempo para detalhar certos fatos. Sou contra a ganância, a ignorância e a super valorização que é dada à carne no prato.

Quantas vezes escutei: "você não come carne? O que você come então?".

Como está escrito por Radha Burnier em um artigo da Revista Sophia n.24: "Se tivermos que continuar habitando a Terra, terá de haver uma revolução no relacionamento dos seres humanos com o planeta, dos seres humanos entre si e dos seres humanos com outras espécies. Uma sociedade comprometida com o crescimento como a única solução para seus problemas não apenas entra em competição com o mundo natural, como também seres humanos contra seres humanos".

Nesse sentido, toda a humanidade deve aprender a praticar a restrição. Caso contrário, mais e mais floresta virá abaixo, pois a resposta que mais escuto quando pergunto "mas o senhor quer colocar ainda mais gado aqui?" é um bem sonoro "mas é claro!".

Se te perguntarem se você quer mais dinheiro na sua poupança, qual seria sua resposta?

Na floresta, o mais forte come o mais fraco, assim como na selva de pedra.

Hoje na floresta, gado e pastagem são sinônimos de dinheiro a curto prazo. Infelizmente, essa é a realidade atual, aceitando ou não, concordando ou não.

Por isso, em nossa tamanha impotência ao capitalismo selvagem, conclamo a um trabalho de beija-flor: coma menos carne bovina!

Assim, como na famosa história do beija-flor que tentou apagar o incêndio da floresta, cada um estará fazendo a sua parte.

Não adianta reclamar dos fazendeiros. Eles seguem a regra do jogo. E digo que alguns deles são mais dignos e altruístas que vários vegetarianos que já conheci.

Não quero que o gavião vire sabiá. Sonho apenas com a conservação da Floresta.

Nunca me achei superior por não comer carne. Tampouco achei-me inferior. Faço isso consciente de que é o melhor para mim, para a floresta e para a sociedade.

O caminho do meio propagado por Buda tem disso. Entender todos os lados sem preconceito ou qualquer tipo de barreira e seguir o que sua consciência mandar.

Em uma guerra, não importa o lado, todos estão errados!
"Todos somos um, vegetarianos ou não!"

Você não viu, mas eu vi...