domingo, 22 de junho de 2008

O KARMA



Uma frase que nenhum crente em Deus desacredita, pelo menos não publicamente, é que "Deus é perfeito".

Definir Deus é, não quase, mas totalmente impossível para nós, seres tão limitados em nossos pensamentos, falas e formas de expressar e perceber a realidade. Seria como uma formiga querendo definir o universo. É uma coisa que foge a nossa capacidade. É muito além de qualquer lugar que pudéssemos imaginar.

Assim sendo, a completa perfeição e grandiosidade daquilo que sempre foi é inancansável para meros seres encarnados. Todavia, as leis da natureza, as quais são a mais perfeita expressão de Deus neste planeta, são totalmente pássiveis de estudo, conhecimento e compreensão.

Mesmo sendo tangíveis, não quer dizer que se tornam fáceis de entender, muito menos de explicar. A completa compreensão das leis da natureza significa o que podemos chamar, de forma simplória, de iluminação.

Dentro dessa discussão, uma lei infalível e que rege tudo o que vivemos, sofremos e recebemos é o que no espiritismo e em outras linhas orientais se chama de karma; e na física se chama de terceira lei de Newton, lei da ação-reação.

Quando ainda ferrenhamente aprisionado nos dogmas da Igreja Católica, palavras como karma, reencarnação e outras, para mim, soavam como coisas do "demônio". Assim fui levado a pensar, o que realmente não acrescentou nada em minha evolução. Agradeço imensamente tudo que aprendi nos estudos católicos, inclusive as pessoas que me ensinavam coisas erradas (pois sei que era com uma boa intenção em suas mentalidades). Ainda hoje gosto muito de ir à missa. É um ritual cheio de simbologia e, se entendido em seu lado oculto, ensina muito sobre a passagem da alma no ciclo de samsara.

Bem, deixando o passado passar e voltando ao assunto em questão, a lei infalível de Deus, as leis deixadas na natureza, como a gravidade, os ciclos, o karma, é a forma de entendermos o que Deus quer para nós. O grande professor não é aquele que dá os peixes, mas o que ensina a pescar.

Deus, em sua infinita bondade, não quer nos colocar em um inferno permanente, ou nos castigar por termos desagradado Sua vontade. Ele quer que aprendamos a sermos Sua imagem e semelhança.

O karma em si, não é bom nem ruim. Simplesmente é. É uma lei infalível e imparcial. Através de seu estudo, conseguimos aprender que toda ação gera uma reação. Tudo o que fazemos tem uma consequência. Tudo o que pensamos tem uma resposta. Seja bom ou ruim. Nem mais nem menos, mas em proporção perfeitamente igual.

Não é admissível culparmos Deus por nos machucarmos ao cairmos de um penhasco. Se caimos, nos machucamos. A culpa não é de Deus. Também não podemos realizar jogarmos uma pedra de cima do penhasco e ela ficar flutuando. Não faz sentido Deus burlar as leis que Ele mesmo criou.

O que recebemos, sempre é por nossa culpa. Isso jamais, em nenhuma verdadeira religião, foi ordem de conformismo. O Mestre nos entrega seus talentos para que os multipliquemos e não para os enterrarmos.

Todas as vezes que encarnamos, é para correr atrás do que nós mesmos amarramos para nossa viagem em nosso calcanhar. Temos que trabalhar, depurar nossas vontades altamente egoístas, para que fiquemos mais leves e possamos chegar mais alto.

Quando recebemos algo que não gostamos em nossa vida, logo nos passa a idéia "só pode ser karma", calculando ser um castigo por algo ruim que tenhamos feito em outra vida. Grande erro comete aquele que permanece com esse pensamento. Certo é que tudo é devido ao karma, mas o karma não é nenhum carrasco que vem cobrar o que devemos. Ele simplesmente é a garantia que temos um Professor que nos ama, e muito!

Iríamos culpar a gravidade pelos machucados ao cairmos do penhasco?


Quase todo espírito que se dispõe a descer novamente à Gaia é por vontade própria, para espiar as suas falhas, que é posta para nossa avaliação quando estamos desencarnados, livres das amarras da ilusão da matéria densa (como é a nossa).



Um pedreiro pode colocar um tijolo por dia em sua casa. A obra estará pronta, mais cedo ou mais tarde. O mesmo pedreiro também pode trabalhar ardentemente para que a obra fique pronta o quanto antes, podendo até solicitar auxílio para seu propósito. Independente do ritmo da construção, a loja fornecedora de material estará aberta todos os dias, normalmente, eternamente. Dependerá apenas da vontade, do empenho e do suor do dono da construção.



Para aqueles que tem a visão mais além, torna-se fácil a decisão. É necessário curar, tratar, resgatar o máximo de pendências a cada encarnação, para que a Glória Eterna, o Reino Celestial, o Céu, ou seja qual for o nome dado, seja alcançado o quanto antes.

Em verdade, o Céu é sempre o ponto mais alto que podemos alcançar de acordo com nossas limitações.

Cada um em seu ritmo, conforme a sua escolha e seu trabalho, chegará ao início de tudo, ao Pai Supremo. Sem exceção, mais cedo ou mais tarde, todos chegarão. Uns antes, outros depois, mas todos alcançarão.

Somente um deus tribal faria um paraíso onde apenas uns preferidos entrariam. O Verdadeiro Deus, é Pai de todos, sem exceção.

A porta dos Céus é estreita porque deixar o ego inferior para trás, literalmente e não apenas em nossa mente, é um trabalho árduo, que não é para muitos.

A maioria irá pelo caminho plano, com porta larga, que demora muito mais, e por isso, tem muito mais pedras pelo caminho (sendo muito maior o karma a ser trabalhado portanto). Poucos terão força de vontade e capacidade para escalar a montanha pelo caminho íngrime, espinhoso e difícil, por onde pode-se chegar ao destino final mais rápido, mas não com menos trabalho.

Para uma facilidade no aprendizado, devemos enxergar o karma não como punição, mas como prova do amor de Deus para conosco. Assim, tornar-se-ão mais eficazes as nossas lições. Assim digo, porque assim aprendi. Não tenho dúvida que quando sofremos, se não reclamamos, mas recebemos com resignação o que merecemos, alcançamos o propósito do ensinamento. Mas quando sofremos sem parar de reclamar, seria como querer assar um bolo sem parar de abrir o forno.

Mesmo não sabendo ainda o gosto final do bolo, se não abrirmos o forno e aguentarmos o tempo e o procedimento adequado, com fé na receita, teremos ao final um bolo bonito e vistoso para nós mesmos e para nossos convidados.

Que Deus nos abençoe, nos dê força e abra nossos olhos!

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