quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Água pra quê te quero

Quando trabalhava no setor governamental que cuida das Florestas Públicas do Acre, escrevi um projeto e apresentei a meu chefe imediato para implantação da Permacultura nas Florestas Públicas Estaduais.

A resposta que tive foi que era muito legal, importante e bonito, mas estava alguns passos à frente de nossa atual realidade.

Tive a idéia desse projeto (uma tentativa nobre, mas um tanto inocente), depois de passar nove dias isolado dentro da Floresta. Onde os moradores da colocação que montamos nossa base tomavam a água do rio. Caso tivesse algum tratamento, não vejo mal. Mas para quem conhece a água barrenta do rio Antimary, sabe que não é muito apetitosa. Além do mais, onde tomávamos banho (e eles faziam a coleta de água) tinha alguma carniça que os urubus insistiam em visitar a todo o momento.

Se existe o projeto federal de cisternas no sertão nordestino, não vejo bloqueio cultural para fazer o mesmo em todo o país.

É revoltante saber que, na maior reserva de água doce do mundo, o acesso à água de boa qualidade é super precário. Não é só na mata, nos centros urbanos também. Pelo menos, aqui no Acre.

Uma das poucas questões que errei no concurso que me trouxe aqui foi sobre esse assunto. Era mais ou menos assim. "Apesar da grande quantidade de água potável disponível, existem muitos problemas de distribuição de água para a população da floresta amazônica". Senti que era verdade, mas não querendo acreditar nesse absurdo, coloquei errado. E acabei errando.

Realmente, é uma realidade difícil de engolir.

Tecnologia, conhecimento e exemplos existem muitos.

Falta a sensibilização, passar pelo que os necessitados passam, para poder começar a quebrar certos paradigmas.

Assim também o é nas queimadas.
Já ouvi de algumas pessoas (não raras), esclarecidas e "amigas" do meio-ambiente, que um incêndio é bonito de se ver à noite... A primeira vez que ouvi isso, achei um absurdo imensurável! Mas depois fui compreendendo que é necessário sentir para se entender a realidade.

Beleza é aquilo que nos atrai. Se sabemos que o incêndio está matando seres vivos, árvores, animais e a terra, e nos importamos com essas mortes, não é nada bonito olhar aquilo.

Uma fogueira é bonita sim, mas ver sua mãe queimando nela é?

O mundo tomará outro rumo quando passarmos a enxergar em cada irmão o rosto do Pai Divino!
Todos somos um! Será tão complicado assim de entender?

Estou aqui com todo amor, perdoai-me Senhor os erros que eu cometi perante ao Chefe Imperador!

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