segunda-feira, 11 de agosto de 2008

NÃO ALIMENTE O SEU INIMIGO


Um aprendizado simples, que já está semeado por todo o mundo, é a velha história da luta do bem e do mal dentro de nós mesmos. O anjo bom e o anjo negro. O cachorro do bem e o cachorro do mal. Ambos estão dentro de nós ininterruptamente, a todo momento. Qual cachorro prevalecerá na briga? A resposta é muito simples: aquele que mais alimentarmos!

É incrivelmente ordinário como nos iludimos com os véus das nossas próprias ilusões! As formas-pensamento que geramos ao nosso redor criam véus que são tão mais densos quanto for a nossa convicção nessas ilusões.

Cristo ensinou em Mateus (5, 28): "Eu, porém, vos digo: todo aquele que olha para uma mulher para a cobiçar, já cometeu adultério com ela em seu coração." Madame Blavatsky também lembra em A Chave para a Teosofia (página 127) que "Um pensamento é muito mais poderoso na criação de resultados danosos do que um ato." E muitos outros ensinaram essa grande máxima. Nossos pensamentos são capazes de muito além do que a humanidade é capaz de entender.

Trigueirinho, no livro A Formação de Curadores (ed. Pensamento), ensina-nos a purificar nossos aparelhos justamente com a ordem de "não alimentar os inimigos". Isso me fez lembrar de uma história de minha adolescência.

Pensava eu ser muito adiantado no caminho do céu (que naquela época passava longe de compreender que é um caminho inevitável ao nosso início), pois o que via e presenciava ao meu redor era muito mais negro do que qualquer coisa que se passava por dentro de mim. Ou, pelo menos, na minha mente (que mente muito!).

Em uma conversa com meu irmão de sangue, ele solta a máxima que perambulava em minha mente: "Se eu for para o inferno, mais da metade do mundo vai!". Bem, isso nos dava um conforto e uma comodidade pessoal para não almejarmos uma evolução real, já que éramos melhores do que a metade do mundo, pelo menos. Na época, apesar de ser o que sentia por dentro, ainda cheguei a criticar meu irmão, dizendo que não deveria pensar assim. Mas por dentro, eu era igual...

Essa ilusão que tanto se fala durante os ensinamentos espirituais é muitas vezes o puro auto-engano que fazemos para nos dar um conforto, mas retardar nossa jornada. Como nesse relato, muitas vezes criamos um véu para confortar nosso sofrimento, nossa ansiedade, ou simplesmente disfarçar nossa mediocridade em buscar algo superior, o que é nossa obrigação nesse planeta.

Pensamos com nós mesmos que fazer o que estamos fazendo é o certo, já que a maioria faz. Ou não fazer não é problema, já que seguimos o pensamento da maioria... Será que trair é certo só porque somos homens? Bem, quando nos parecemos mais com os animais, creio ser o certo, já que biologicamente a função de procriar exige uma troca excessiva de genes e a maior possibilidade de gerar descendentes possível.

Será que é certo sermos "malandros" (termo com um novo conceito para mim desde uma conversa com uma boa amiga) e nos apropriarmos de coisas alheias ou pegarmos sempre a melhor parte não interessando os demais, em uma total falta de parcimónia? Bem, se pensarmos como seres capitalizados e globalizados, creio que sim, já que a meta de qualquer negociante é obter o máximo para si, ou ainda, obter mais que os outros que o rodeiam...

Agora, para aqueles que já despertaram para algo mais verdadeiro, mais elevado, seria desnecessário afirmar que são atitudes retrógradas.

Ainda não aprendi direito essa lição. Em meu íntimo, confesso que os pensamentos ainda fogem do controle, raras vezes, mas mais vezes do que posso admitir. E por não ter aprendido com perfeição, não deveria estar ensinando. Pois já ensinou meu Padrinho, Mestre e Senhor: "Aprender com perfeição, para poder ensinar!".

Todavia, já sou capaz de ter esse discernimento e compreender muito do que as formas-pensamento que faço surgir acarretam para o meu caminho. Posso dizer que não é muito bom. Imagine um viajante carregando pedra na cabeça. Seria mais confortável caminhar com menos peso, não? Mas aquele viajante que não se dá conta do peso desnecessário fará a viagem do mesmo jeito, a passos mais lentos e com menos facilidade, mas fará.

É como naquela brincadeira de criança que colocávamos uma folhinha (ou outro objeto) na cabeça do amigo e ficávamos cantarolando em tom provocativo: "Meu burrinho carrega carga sem sentido..." E repetíamos até que o 'burrinho' se desse conta do que levava. Nunca vi ninguém retirar a 'carga' sem, pelo menos, duas repetições. E ninguém gostava de ser o 'burro' da vez.

Assim também, quando descobrimos que carregamos 'carga sem sentido' que nós mesmos criamos, ficamos aborrecidos com nós mesmos se recaímos nos mesmos erros. Quem não percebe, continua a encher sua bagagem com carga sem sentido. Mas quem já descobriu, redobra a atenção para não 'dar uma de burro' (excluindo aqui qualquer alusão literal ao animal chamado burro, que é muito útil e esperto por sinal!).

Não entro no mérito de falar ou agir. Tratei apenas da questão (um tanto mais avançada) do sentir, do pensar. É óbvio que se falo uma coisa, é porque já abri a porta para esse sentimento, pois "a boca fala daquilo que o coração transborda".

Então se um homem casado chega para mim e elogia outra mulher, deixando claro seu desejo por ela, é evidente que seu coração está cheio de adultério. E, dificilmente ele resistiria à tentação da traição, já que alimentou bastante seu cachorro negro.

Assim posso dizer e relatar, pois eu já fui esse homem no passado. E, antes de apontar os erros dos outros, estou aqui relatando o caminho de minha evolução. Como já foi dito em publicação anterior.

Tudo já sabemos em nosso espírito, mas a ilusão nos engana. Os anjos de Deus pouco podem fazer quando não agimos de acordo com os nossos ensinos, mas agimos conforme os véus da ilusão. Um anjo diz "poderia dizer para ele não fazer isso, porque não agrada a Deus, mas ele já sabe disso... Poderia dizer para ele rezar que vai ajudá-lo, mas ele já sabe disso..." Por isso somos incompreensíveis na nossa estupidez para os seres de luz, pois não agimos conforme nossos corações e sim conforme nossas mentes.

Exemplos são dados, mas o ensinamento quando é puro vale para a vida.


Vigiai, pois é chegado o tempo da colheita!


Salvem todos os seres de luz que nos acompanham!

Amém!

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