segunda-feira, 19 de outubro de 2009

E brilha uma tulipa

Muito triste andou
Tão chorão o menino
Que na beira do rio
Viu sua vida inundar em lágrimas
E desesperanças

Apanhou do destino
Pois um desatino é acreditar no que não é
Ou desacreditar no que está sendo

Contudo, tudo é passageiro
E nesse desespero
Cego ficou
Triste andou
E besta pareceu ser

Mesmo sem cair
Não tinha para onde ir
Por isso, muitas vezes deixou-se cair
Melhor parecia ficar no chão de Maia
E esperar o tempo passar

Mas o tempo demudou
O inverno passou
E o Sol raiou

Trouxe doces nuvens de algodão
Secou as lágrimas do menino
Perfumou-o com alfazema
E, com ternura, entregou-lhe sua tulipa

Menino, não chores
Veja como a vida é boa
Tens tudo o que precisa
Saúde, alegria e amigos
Casa, emprego e um novo amor!

Assim, o menino ajoelhou
Acordou
Acreditou

E orou:
Obrigado Senhor por tantas bençãos!
Perdão pelo desviar no caminho em escuridão ora vencida
Grato sou por me carregar no colo e não me deixar pelo abismo
Ingrato fui de não ter fé em tuas obras
Obrigado Senhor!

E o Senhor respondeu:
Levanta-te e anda
Vá trabalhar.


Homini Pax!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Em Busca da Mulher Invisível


Com torpor por sentimentos inexplicavelmente perturbadores, não poderia recorrer à outra forma de socorro a não ser minhas sempre confortantes palavras de desabafo nessas teclas que tanto me entendem. Como entender o emaranhado do bordado divino? Pai socorra-me!

Quanto terei que sofrer para aprender? Não bastam as enfermidades palpáveis? Terei eu que enfrentar mais infernos astrais para aprender a ser obediente? O caminho já foi indicado. Força eu tenho para essa mísera tarefa. Por que não me confortei nas bênçãos divinas? Pai socorra-me!

Devo retornar à busca à mulher invisível. O que me retém? De onde vêm essas dúvidas, se eu tenho as respostas?

Romântico e ferido, o destino já me oferecera o melhor sexo, o corpo mais escultural, a maior entrega, a melhor família, paixões novas, paixões antigas... Basta? Claro que não! Que insistência! Magôo e serei magoado... Esse será o preço a pagar. Para quê? Mula incoerente! Que lombriga é essa que gera essa fome mesmo estufado de comida?

Culpa? Não, meu amor! Não exijo formação em escutatória, pois sou o primeiro a ter reprovado essa disciplina. Medo? Tampouco! A fé me alimenta. Tudo dará certo no seu devido tempo. Maluquice? Talvez... Perdido? Ainda não! Só não sei onde estou...

Choro em teu colo lágrimas de desrespeito. Donde havia de me jorrar felicidade, rego com ingratidão. O perfume de tulipas ainda em minhas mãos. Penso em tua beleza.

A inspiração me escapa, o arrependimento me preenche. Como seria bom ser obediente. Pai, sei que és maravilhoso, que me mostra o caminho e me põe tudo que desejo à disposição. Dai-me seu perdão!

Entendi essa jogada do destino: A cada nova tentativa, mais quero ficar sozinho. Mas há quanto tempo não tenho um bom espelho meu?

Santo Domingo já me auxiliara com a dádiva divina de certo controle interno. Por hábito (acorrentado em um paradigma machista), não me torno casto. Por rebeldia, minto para mim mesmo. “Acorda irmão! Veja por aonde vai! A coisa mais linda é o poder do meu Pai!”.

Lembrar-me-ei: calma e paciência para regar esta flor!

O Ciclo de Saturno ainda vigora. Todo cuidado é pouco. Não atire pérolas aos porcos. Prepare seu terreno, não sabes quando o dono da terra chegará! Eu, tão respeitável e chamado algumas vezes de “excessivamente correto”, o que ando fazendo? Tirei o gesso do braço e ainda sinto seu peso.

Yogananda avisa: aqueles que se casaram, deixaram de se entregar à meditação. São Paulo, o grande apóstolo, alerta: ao homem, é melhor que não se case.

Lágrimas. Secas e silenciosas.

Confortado agora estou; decidido, nem tanto. Assim metade da madrugada chega, com grilos, sapos e possibilidades. Que Morfeu traga bons instrutores.


Homini Pax!

domingo, 4 de outubro de 2009

Como sou ingrato

Certa vez acreditei ser a tristeza o combustível dos poetas.

Na solitude, emergido em lembranças do passado e instigado por palavras de Tempo Algum, vejo-me como um aprendiz querendo poetizar.

Pensando eu ter me tornado quem imagino ser algum dia, encaro-me desnudo de toda mágoa e de qualquer orgulho.
Miro um futuro inundado em calma e banhado em magnitude divina, alimentado pela paz impertubável e pela fé inabalável.

Pensando eu ter fé, cai na escuridão
Pensando eu ter coragem, recuei no susto
Pensando eu ser forte, tombei na arrebentação
Pensando eu, meu caro, ser protegido, deixei o cadeado aberto

Enxerga-me-ei, mas alcançarei?
Benzer-me-ei, mas serei purificado?

O que vale mais? O barro ou o ouro?

De que me serve jóias de barro?
Para onde corro? Estarei insano? Por que não obedeço à minha própria vontade?
Está a mula dominando seu dono?
Onde estará o chicote e todo o adestramento realizado?

Uma mente brilhante disse "um homem só é ninguém".

Por que ainda regressar em memórias que levam a lugar nenhum?

Sentirei fome de barriga cheia?

Como sou ingrato!

sábado, 3 de outubro de 2009

Que a Paz de Deus nos acompanhe

Movido pela Luz de uma Lua quase cheia, e com saudades de expressar o meu verdadeiro eu em uma conversa comigo mesmo, venho hoje, nas santas horas que são, registrar mais uma fagulha da minha viagem ao destino final.

Como tantas outras vezes nos derradeiros anos, o que me impele a escrever é a vontade de desabafar. Como esperar que um estudante universitário tenha paciência com uma aula de um aluno secundário?

Lembro-me uma situação que, chegando pela primeira vez em uma igreja aqui no Acre, as crianças da comunidade não acreditaram que eu fosse o dono do carro que possuíra à época. Talvez por pensarem que eu era novo demais, ou não fosse merecedor de tal bem. Muito se assemelha às situações que me vem trazendo certo incômodo social.

“Antiguidade não é riqueza, antiguidade não é saber. De que serve antiguidade se não sabe compreender?”.

Que o Divino perdoe minha ignorância e minha prepotência. Mas não consigo compreender tais situações além de testes (simples, mas árduos) de paciência com o próximo.

Claro que o que enxergamos de “erro” no próximo está bem evidente em nós também. Ou será que esses escritos não fazem parte de um desejo subconsciente de falar de mim mesmo para os outros, enaltecendo vantagens e colocando-me como um estudante mais avançado? Sinceramente, escrevo com a vontade de aprender comigo mesmo. Mas sei que tenho esse desejo humano de auto-promoção enraizado no meu ego.

Por isso, penso que voltarei a escrever em papel, onde só eu terei acesso. Assim, poderei abrir meu coração novamente sem essa sombra egóica me perseguindo.

Muita falta sinto de certo Gnomo que conheci em uma linda floresta.

Os passos estão sendo dados, mais leves graças a São Francisco das Chagas e a uma Menininha da Luz. Yogananda tem ajudado bastante a alimentar minha fé.

Momentos como antes, com grande vontade de escrever, mas sem tempo para tal atividade, voltaram. Um pouco escassos ainda, mas já com certa freqüência. Acredito ser um ótimo sinal.

A vaidade parece estar mais controlada, apesar de ainda ser um risco sempre presente.

Humildade. Humildade! Dai-me humildade óh Santo Anjo Gabriel!


“Quem ama Jesus Cristo, não fala do seu irmão...”


Pelo sinal da Santa Cruz

Livrai-nos Deus Nosso Senhor

Dos nossos inimigos

Amém.